Uma passagem para Marancangalha; Só de ida…
Um ônibus partiu para Marancangalha e Anália se foi.
Subiu nele e nos deixou aqui, letárgicos, meio atordoados, hoje faz uns 30 dias maio ou menos. Essa viagem não é daquele tipo que se faz nas férias de verão quando vamos pro ES, essa não tem volta. Você vai e fica lá e todos nós ficamos aqui, só no pensamento. Sentindo saudade.
Anália era uma só, única em vários modos, impressionantemente singular e marcante, mas havia um universo dentro de si. Era várias. Pra mim ela foi primeiro de tudo “Vó” (não avó, vó, do jeito gostoso da palavra), depois sem níveis de importância, professora (professora mesmo, do tipo que da aula de português), mãe, amiga, e por ultimo algo que engloba tudo, exemplo.
Minha Vó é um exemplo não só pra mim, pra família, ou para os amigos, ela é um exemplo de pessoa, é um exemplo pra todos. Exemplo de amor à vida e às pessoas, sempre com o jeito mais simples do mundo de mostrar a você que você era especial. Um arroz doce, uma gelatina, uma pipoca, um bolinho de chuva, uma sopa, um pano de prato ou uma meia (feitos a mão, bordados e costurados por ela) um cartão (que ela sempre fez questão de escrever), as coisa mais bobas se tornavam singulares e vinham estampadas com seu amor e carinho.
Minha Vó nasceu no interior. Ela é de uma época que mulheres se casavam, tinham filhos aos 13 e viravam donas de casa. Ela era uma pessoa de personalidade extremamente forte, Ela se casou por volta dos 30. Fez faculdade, trabalhou, criou os sete filhos, ajudou a criar os netos e muitas vezes os filhos dos outros. Em vida, perdeu dois filhos (um deles há pouco tempo), e também venceu o câncer por algumas vezes, nada que abalasse sua vontade de viver, de ser a professora e escritora que sempre foi e de aos oitenta e poucos fazer aulas de latim e francês.
A verdade é que se eu for escrever tudo que me vem à mente sobre minha vó deixaria de ser um texto e viraria um livro (um livrão), por isso, vou parar aqui apenas dizendo que sinto muito orgulho dela.
E quando lá em cima eu disse ela É um exemplo, assim mesmo no presente, ao invés de era, é porque ela se foi, mas o que ela fez está aqui, o exemplo está vivo. Essa é grande maravilha da vida, o que fazemos e ensinamos nos perpetua e ela, sem dúvida, fez e ensinou muito.
Vó, obrigado por tudo. Um beijo.
Do seu neto (extremo admirador), Pedro.
P.S.: Por trás de uma grande mulher sempre existe um grande homem.
A música abaixo não conta em nada uma história parecida com a da minha vó, estou usando-a para ilustrar o post apenas porque, por motivos óbvios, ela sempre me lembrou minha Vó Anália. “Eu vou para Maracangalha” de Dorival Caymmi(eu acho), interpretada por Tom Jobim.
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24/05/2010 às 18:51
Simplesmente lin-do!!! Com certeza ela iria se orgulhar de você, de sua escrita, de ser sua ‘vó’, de ler tudo isso.
Bjo grande e cheio de sentimento e emoção!!!
24/05/2010 às 19:51
PQP… me mata.
Amei.
25/05/2010 às 0:41
Obrigado Pedro, por enriquecer nossa memória, tocando pontos fundamentais.
Lindo mesmo!
Wá
25/05/2010 às 9:45
Meu amor,
Lindíssimas e emocionantes suas palavras. Nos todos também nos orgulhamos de vc e eu especialmente torço todos os dias pelo seu sucesso, que é real e surge sempre ao darmos de encontro com suas criações. Te amo demais e sua Vó acabou de dizer: Yes!!!!!
25/05/2010 às 10:09
Pedro, simplesmente maravilhoso,e com certeza a D.Anália É e sempre será um exemplo de pessoa.Um grande abraço e parabéns.
Do seu amigo,
Romin
25/05/2010 às 15:50
lindo!
25/05/2010 às 16:04
Emocionante!!
A vó é foda!!!
“É fera, é bicho, é anjo e mulher…!!”
Saudade imensa!!!!
25/05/2010 às 16:06
tava lembrando outro dia daquelas petecas que a vó fazia, com jornal e saquinho de leite!!
25/05/2010 às 17:54
Arrasou no texto, Pedro! Muito lindo mesmo, de verdade…
26/05/2010 às 9:29
Emocionante
Ao ler, a lembrança boa da vó Analia… 🙂
Continue firme na luta. A selva de pedra é menos dura com você.
Abração do seu irmão
30/05/2010 às 12:32
Pepe, lindo demais. Estou aqui feliz ( apesar de aos prantos, por causa da imensa saudade) de tão lindo texto. Você matou a pau. Beijos de amor e força de sua tiiia.
01/06/2010 às 19:17
E eu, com muitas lágrimas nos olhos, passei o texto para todo mundo.
Com um orgulho imenso.
Zé Pai, filho da D.Anália.
24/06/2010 às 23:26
Tbem tô chorando: de saudade, de emoção, de orgulho por ter sido mais que sobrinha..uma amiga.
Vc descreveu seu sentimento de forma apaixonante!
Bjs